Enésima consulta à psiquiatra

Na minha 66ª (mais ou menos) consulta à psiquiatra revelei minha dor em tomar remédios três vezes por dia e consegui reduzir a frequência para duas vezes, entenda, a mesma dosagem só que em duas administrações. Fiquei mais aliviada em saber que não vou mais ter que me preocupar com essa dose nomeio do dia, então fica mais simples, ao acordar e ao dormir. Vou contar que estou de amigo novo e isto me deixa feliz porque fazem muitos anos que não faço novas amizades que não sejam virtuais. Estou empolgada com o fato de poder conversar, desabafar, dividir meus medos e ansiedades com alguém que não me cobre por isso ou não seja minha família, com amigos, eu não sou de ter amigos, minha bipolaridade f... com tudo, porque esqueço os aniversários, percos os encontros, dou furos daqueles tipo, uma vez faltei ao meu próprio aniversário, marcamos para bebemorar e eu não fui. Pitoresco, a pessoa marca um evento em torno dela e não vai ao próprio. Meus amigos disseram que o MEU aniversário foi muito divertido, APESAR de eu mesma não ter comparecido a ele. Pelo menos é SURREAL. Conviver com um bipolar costuma ser tudo menos rotineiro. Uma vez eu fui abordada por um rapaz com uma barra de ferro na mão, mas ao vê-lo perguntei: "Acho que você não vai conseguir consertar nada com essa barra de ferro, por que não experimenta uma caixa de ferramentas?" O rapaz olhava perplexo, e eu não parava: " Aliás, acho que errou de carro, o meu está funcionando normal." Eu entrei no meu carro e o rapaz ficou lá, com a barra de ferro na mão, ameaçando o vento, porque eu entendi outra coisa totalmente diferente sobre a "intenção" da pessoa. Só depois de muitas horas, eu comecei a entender que aquela barra de ferro poderia intimidar muita gente, ehr, que não "fantasiasse" com tudo o que vê. O bipolar é assim, conclui muitas situações apressadamente, e isto pode ser muito criativo, divertido, mas também perigoso. A médica que visitei hoje fez uma ótima avaliação do meu estado de saúde, e vou demorar dois meses para voltar a vê-la. O antipsicótico que tinha me sido receitado veio para ficar, ele trabalha em conjunto com os outros remédios e reduz os surtos eufóricos, tudo bem, vai, é melhor assim. A tristeza que venho sofrendo não é da depressão é circunstancial do colapso da minha vida amorosa com Marido. Apesar de não nos entendermos, Marido insiste em ser silencioso, mudo como uma topeira. Minha vida amorosa está sem amor, seca, como um jardim no inverno. O problema destes invernos com Marido é que duram, duram, duuuuuram.

Comentários

Anônimo disse…
Olá amiga. É sempre bom passar por aqui. Eu fico muito feliz que está se sentindo bem e separando a "tristeza" circustancial de uma, que eminentemente vem acompanhada de crises. Outro dia, eu tive um problema parecido em relação a aniversário... que coisa ém? Nós bipolares somos isso tudo que escreveu. Mas o mais bacana: é que nunca somos previsíveis. E como é bom viver assim! Boa sorte!

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