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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Página em branco

Sabe as cores sumiram e eu virei um robô. Minha fala não tem modulação e as dos outros ficaram metálicas e sem entonação. Conheci um cara e ele falava como uma página do jornal Valor Econômico, se é que me entendem, ele não falava assim, mas contava coisas a respeito de si e para mim era como se eu estivesse a ler a cotação das moedas estrangeiras, não tinha emoção. Então eu vou me tornar um robô, os remédios tratam a minha depressão retirando as emoções. Parece adequado. Adequado, entendeu a deixa, adequado. Não é legal, ruim, nojento ou odioso, mas conveniente e adequado. Mas será que eu não ia preferir viver um vida intensa de emoções e morrer aos 40 do que viver uma vida adequada até os 120? Isso me remete à eutanásia, quando pensava em suicídio antes eu comparava à eutanásia, abreviação da dor de um paciente. Naquela época a dor era muito grande... Hoje eu não sinto realmente nada. Socorro eu não estou sentindo nada...

Tem um helicóptero voando sobre a minha cabeça

Hoje minha filha não conseguiu chegar em casa, de volta ao jantar com o namorado. A rua estava interditada. Acordei às cinco da manhã, sobressaltada, e a cama dela estava vazia. Poucos minutos depois ela entrou, dizendo que teve que dar diversos retornos para poder chegar. Desabou barranco, avalanche desceu, rua encheu de água, caminhões esperando a água baixar e... helicópteros voando sobre minha cabeça. Não consegui dormir mais pensando no aposentado que morava na rua chique da Pompéia e morreu soterrado. O caos confunde a minha mente cheia de compartimentos rígidos. O helicóptero passou de novo. Ele está me assustando. Eu saio de casa para ir ao trabalho, juntar-me à estupidez de insistir em encarar uma rotina normal quando tudo está me dizendo para não sair de casa? É claro que sim eu sempre faço isso e os outros também. Todos pegam seus guarda-chuvas e tentam chegar ao trabalho, os trens lotam, o trânsito fica ainda mais caótico. Isto é uma estupidez mas enquanto as autoridades n

Triplex número dois

Exausto, meu respirar entrecorta meus pensamentos galopantes e desconexos; é estouro de boiada.

Fairy guarda as questões existenciais na gaveta e vive.

Deus para mim é resposta. Em muitas ocasiões encontrei ateus, agarrados à racionalidade. O que de racional há no inesplicável infinito eterno? Um começo do nada, ou o sem fim? Deus é a resposta de todas as sociedades que se depararam com a constatável falta de resposta. Cada uma com o seu Deus, sua resposta para a questao existencial. Sobre a morte? A única certeza da vida. Sobre a vida? O único presente. O presente de Deus. O que fazer com o presente que Deus nos deu? Com os intemináveis porquês sem respostas. Pra mim, guardei minhas perguntas numa gaveta. Sei que a resposta só terei quando eu mesma ver a morte. E não tenho pressa. Apenas bebo o sabor da vida, no olhar sobre o belo que me enche o espírito com a emoção de ver o belo. De sentir o amor pelos queridos, do sentimento que invade o meu espírito como uma sopa quente no peito e que acelera o coração derramando em lágrimas pela profundidade de sentir.E me encho de gratidão, pela honra do ver e sentir. Pois vejo pedras e não sou

Precisei de Deus hoje.

E acho que talvez, provavelmente ele me atendeu. Estava muito cansada de tomar medicamentos, de ansiedade, de falar alto com as pessoas. Então, após ser acudida por desconhecidos, que me serviram água, voltei para casa e fiquei arrependida de ter dito a eles que havia ficado internada após tentar me matar afinal ninguém tem nada a ver com isso (eu acho). Fiquei aqui chorando e com vergonha. Tomei um antiansiedade e pedi a Deus que me levasse para ser tratada no hospital espiritual do Dr. Bezerra de Menezas. Pedi, mas depois, pensei que eu era capaz de ir lá sozinha. Antes de dormir, fiquei mentalizando que seria atendida naquele hospital, mas duvidei se eu tinha "bônus-hora" suficiente. Bônus-hora é um capital espiritual. Me sinto pouca coisa melhorzinha hoje, podem ser as horas de sono ou o tratamento espiritual, só me lembro de espiritualmente presenciar um trem sendo levado por águas sujas. Um carro também, especificamente um fusca branco. As pessoas que estavam na calçada

Bemvindo ao mundo do antipsicótico...

Ou... poderíamos dizer assim: "sossega-leão"? Não é ético e nunca foi, mas todos já brincamos em dizer: "Acho que vou tomar um sossega-leão." ou "Acho que você está precisando de um sossega-leão, hein?". Para mim isso não é mais engraçado, já foi, num dia que passou há muito tempo, tudo era cor-de-rosa, todos eram fontes de gozações, menos eu. Para um adolescente, a dor dos outros é tão grotesca e ridícula, aliás, a dor em si é tão...paradoxal. Porque Deus permite que a dor adentre os lares das pessoas? Uns experimentam seus lares desmoronarem encosta abaixo, outros assistem, estupefatos, seus entes queridos engrossarem estatísticas de acidentes fatais em circunstâncias estranhas, e uns poucos vemos nossas emoções turvando a razão causando consequências ridículas causados por diversos males mentais. Mas os que não forem contemplados na frase anterior não se preocupem: cada um tem seu quinhãozinho de dor, está parecendo que no quesito sofrimento Deus lembr

Técnica de controle dos medicamentos

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O uso incorreto ou insuficiente de medicamentos pode acarretar crises nos portadores de transtorno bipolar, conforme Drª A., minha psiquiatra. Mesmo após ter sido esclarecida sobre isso continuei fazendo uma bagunça com os meus medicamentos, pois são muitos e 3 vezes por dia, frequência que na minha mente exagerada se traduz em: "o dia inteiro tomando remédio."[é remédio, sem s mesmo, imitando os paulistano da Mooca, meu] Marido fica irritado quando eu erro nos plurais, ele é angolano e fala português de Portugal, o pior é que ele não entende que o português do Brasil é uma variante linguística, ele só entende, em suas próprias palavras, que: "vocês falam errado". De tanto reclamar com a minha mãe, ela inventou um método: Eu ponho A seguinte tabela junto com o meu porta-medicamentos, e vou dando x, conforme eu tomo os medicamentos. Tomo e ponho x, é fácil, não é? Se eu pegar a tabela à noite e estiver faltando o x da tarde, é porque eu não tomei! É mais uma forma de

Datas e crises superadas...

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Natal, Ano Novo, aniversário de casamento desfeito, tudo junto passando, acabou. Num segundo mágico eu saio de um pesadelo, levantando, escovando os dentes, arrumando a sala, com um sorriso na face e, como não houvesse chorado, gritado, brinquei com Marido prazerosamente. A casa mudou de cor. Consigo, surpreendentemente, fazer um montão de coisas! Um vídeo, um ikebana, um texto! Eu existo afinal! Mas que coisa estranha é essa doença bipolar, agora, ainda, com um pouquinho de perigo! Perigo com os impulsos... de consumir e de poder... Me sinto capaz de dominar o mundo, HUAAAAAAH! Sugeriram que eu escrevesse um livro, "Convivendo com o transtorno bipolar", mas entretanto, dizem que uma médica já o fez. Minha auto estima disse que não, não consigo. Estou no FUTURO!!! Referências cinematográficas e literárias ao ano de 2010 não faltam, eu esperei tanto pelo ano 2000, mas ainda nao estava do jeito que eu queria que fosse, eu queria carros voando, como naquele filme, "O quinto