Tem um helicóptero voando sobre a minha cabeça

Hoje minha filha não conseguiu chegar em casa, de volta ao jantar com o namorado. A rua estava interditada. Acordei às cinco da manhã, sobressaltada, e a cama dela estava vazia. Poucos minutos depois ela entrou, dizendo que teve que dar diversos retornos para poder chegar. Desabou barranco, avalanche desceu, rua encheu de água, caminhões esperando a água baixar e... helicópteros voando sobre minha cabeça. Não consegui dormir mais pensando no aposentado que morava na rua chique da Pompéia e morreu soterrado. O caos confunde a minha mente cheia de compartimentos rígidos. O helicóptero passou de novo. Ele está me assustando. Eu saio de casa para ir ao trabalho, juntar-me à estupidez de insistir em encarar uma rotina normal quando tudo está me dizendo para não sair de casa? É claro que sim eu sempre faço isso e os outros também. Todos pegam seus guarda-chuvas e tentam chegar ao trabalho, os trens lotam, o trânsito fica ainda mais caótico. Isto é uma estupidez mas enquanto as autoridades não declararem que é um dia de calamidade pública as pessoas tem que continuar cometendo essa estupidez, afinal, o processo-produtivo-blá-blá-blá. O medo insiste em me paralisar, dia desses eu tentei enfrentar um poça d´água muito funda mas os guardas não deixaram, sabe como é um bipolar, poderoso. Mas não deu, peguei o trem. O helicóptero está se afastando. Acho que agora eu posso respirar um pouco e ir trabalhar.

Comentários

Unknown disse…
A vida continua e as tragédias estão acontecendo cada vez mais perto de nós. A vontade que dá é de ficar numa redoma de vidro em casa e colocar todos os nossos entes queridos conosco mas, como isto não é possível, rezar é necessário.
Beijos no teu coração.

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