Estatísticas não mentem?

Eu havia desistido de pensar na estrutura de divisão social de classes naquela boa época quando ia de carro para o trabalho, sem pegar trânsito e chegando no trabalho após uma rotineira viagem tranqüila e sem sobressaltos, com a razoável duração de 17 minutos. Muitos podem pensar que esta rotina limita o pensamento, que é bitolante, que tira a potencialidade criativa do ser humano. Entretanto, ao ser transferida de posto de trabalho há dez dias e voltar a ter uma rotina utilizando o transporte coletivo, fui obrigada a refletir no livro Admirável Mundo Novo do A.Huxley, que mostra a sociedade de classes desde a concepção. O embrião ao nascer já era destinado a pertencer a uma classe, já nascia até com o seu lugar no emprego. Os transportes coletivos são muito desconfortáveis, são lotados, demoram no trajeto e na espera, não dá para não lembrar de Marx! Um rio de gente descendo as escadas em fúria, correndo para pegar o transporte, se estapeando uns aos outros. Ao chegar ao prédio onde trabalho ouço um helicóptero pousando com algum príncipe das Astúrias, que não vê o trânsito, não vê as hordas de gente se esgoelando, e nem o clamor da população menos privilegiada. Outro dia Marido, que é negro, achou um absurdo cotas para negros nas Universidades. Contei a ele, que é estrangeiro, dos trezentos anos da imigração africana no Brasil, a qual foi acompanhada de uma brutal desescolarização dos africanos. Obviamente os escravos negros possuíam antes de aqui chegar uma rica cultura e tecnologia industrial e artesanal. Com a dominação que se seguiu aquele saber perdeu-se ou foi extraído, e nada mais justo do que separar cotas universitárias para negros a fim de devolver ao menos para uma parte de nós afrodescendentes o que nos foi tirado historicamente. Ao menos assim os embriões nascidos em classes baixas poderão ascender às posições sociais onde possam andar de helicóptero também.

Comentários

Vitória disse…
Interessante!
Gosto de Aldous ...conheces o livro dele-"A ilha"?
O teu Marido é de que país?
Para o teu serviço não há aquela maneira de colaborarem em rodízio,alguns colegas,passando em certos pontos...?Vi no blog da Sam..está lá no meu sidebar...
Bom fim de semana para vcs :)
Anônimo disse…
Ainda nao li esse livro.Mas vou ler. Depois desse post, preciso,.-...urgente...bjs e dias felizes
Anônimo disse…
Nossa, que post denso. Esse assunto de cotas pra mim é um tanto conturbado e não acho que seja justo com o negro. Acho que o negro não precisa disso, afinal, não são apenas negros que não conseguem acessos as universidades. Acho que o que realmente se faz necessário é um país justo sem tantas desigualdades, mas isso seria uma utopia.
Não conheço o livro citado por ti, mas vou pesquisar a respeito, estou com uma pilha de livros sobre a mesa por ler, mas sempre há tempo...

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