Como cabe tanto amor em um pedacito de carne de 88 cm?

Eu amo tanto o meu filho mas ele é tão pequenino!!! Como é que pode? Os filhos são bênçãos, mas quando chegam em circunstâncias peculiares, como foi o meu caso, demoramos um pouco a aceitá-los como presentinhos de Deus. Chegou de repente, sem aviso prévio nenhum, num momento da minha vida, que se eu olhasse para toda ela (minha vida), desde o começo da minha vida fértil, creio que não haveria momento pior! No meio de uma crise depressiva, não dessas crises que eu tenho, choro uns dois dias pronto, não, eu quero me referir a uma CRISE de verdade, com direito a tentativa e tudo, aquela que dura meses, você sai da internação com aquela cara vazia, apática. Olha, depois de ter passado por tudo o que passei após ter pegado o resultado do exame, eu - numa retrospectiva - estou começando a acreditar em milagre. Muitas coisas se esclareceram na minha parte crítica, o juiz virou advogado. Perdoei todo mundo. Mulheres que abortam, mulheres que abandonam seus filhos nas ruas, nas portas das casas dos outros, que matam seus bebês, que dão para a adoção. Estão todas perdoadas. Eu não sou Jesus para perdoar ninguém, eu apenas perdoei na minha própria concepção. Eu costumava abrir a boca com indignação... Depois dessa gravidez do L. eu compreendi todas aquelas mulheres, todas. Eu sei agora o que sentiram, o que sofreram, o que pensaram. A dor. Toda a pior dor do mundo. A solidão. Como é que Jesus, sendo homem, conseguiu perdoar todo mundo? Eu não conseguiria se não fosse TER SIDO todas aquelas mulheres dentro de mim. Graças a eu ter uma santa encarnada comigo, que é a minha mãe, o meu filho está aqui hoje comigo, dormindo tranquilo, inocente de toda a dor do mundo. O tempo passou e eu consegui chegar aqui. Tomei caixas e caixas de medicamentos e ainda tomo, passei em milhares de sessões de terapia e ainda passo. Portanto, perdoem as mães que pedem os seus filhos de volta, após terem doado. Quantas tiveram a oportunidade que eu tive, uma santa encarnada, remédios, sessões de terapia? Aquele momento em que fizeram o que fizeram, foi apenas...peculiar. Perdoem.