Privatização do Espaço Público 2
Um dia desses fui a uma famosa livraria que vende CDs, televisores, jornais, e até televisores de plasma, um verdadeiro shopping center cultural, uma maravilha. A despeito do alto nível cultural do bairro que abriga tamanho oasis, na calçada ao lado fica uma academia. Não, eu não me confundi e nem você leu errado. Eu disse NA CALÇADA. Um grande, tradicional, chique e famoso clube resolveu dar uma aula de boxe dançado com holofotes e tudo no meio da calçada. Não sei o que dizer. Eu, minha mãe e um bebê de 1 ano e dez meses (que estava adorando toda aquela farra, a propósito) tivemos de passar pela rua. Correndo o risco de sermos atropelados e tal. Ehr. Nunca mais vou deixar os ricos criticarem as favelas. Qual a diferença entre um ser humano que ocupa áreas públicas, sem rede de esgoto e iluminação e um outro ser humano que estaciona na calçada? É nenhuma. Todos acham que tem direito aos espaços públicos para si a despeito do direito dos outros. Um problema ético fundamental que alguns países só conseguiram contornar com um esmagante controle social, saída horrível que o Brasil está começando a adotar. Radares, câmeras, catracas em todo canto. A gente se sente um bandido. Para entrar no nosso próprio prédio precisamos nos identificar com crachás, ninguém confia em ninguém. Eu preferia a máxima da ética de Jesus Cristo: "Não faça aos outros o que não querem que faça a você." Pensando um pouquinho nos direitos dos próximos dá para respeitar as calçadas, os espaços públicos, a Universidade pública. (Já dá pra entrar na USP para passear nos fins de semana?)
Comentários
Sem educação, não há respeito ao próximo que se sustente.
Uma pena, com um país tão bonito.
Um beijo prá você e o bebê.
Aninha, os governos pensam que enfiar dinheiro na educação resolve... Não é por aí. Veja os ricos, pagam uma fortuna para estudar e jogam o lixo todo pela janela de suas limosines...
xaxeila