A Violência nos espreita... Segundo Episódio

Dia vinte e quatro, ao retornar de um tratamento espiritual contra a depressão numa renomada instituição espírita, passei pela primeira vez por uma experiência comum aqui no Brasil, criada no Rio de Janeiro, nos morros. Chama-se P E D Á G I O. É assim, se passamos por um determinado local pagamos pedágio. No caso foi um viaduto escuro bem no centro da cidade. Dois adolescentes mal-trajados ficam um em cada lado do viaduto e um senhorzinho já beirando os trinta fica com uma reluzente faca, dizendo: "Se passar desse ponto vai levar bala!".(se ele soubesse que há tempos atrás, eu sonhava em ser morta por uma bala bem no crânio). Mentira porque ele não traz revólver nem pistola alguma, apenas aquela faquinha de cozinha. Os bandidos do Rio de Janeiro são muito mais sofisticados, usam metralhadoras do exército, o pior é que SÃO do exército efetivamente. Pegam tudo que a pessoa tem e eu pedi o dinheiro da condução! Ele me deixou o controle do estacionamento, a chave do carro, a carteirinha do tratamento, a bolsinha E o dinheiro da condução!!! Sou mesmo privilegiada por uma grande proteção dos CÉUS!!! Cheguei até mesmo a agradecer o bandidão!! Fiquei dez minutos num intenso stress-pós-traumático e agradeci por Marido não estar comigo. Marido é daqueles machões, ia querer lutar, desarmar, e ninguém sabe como esta história iria terminar. Cansei-me de tanta violência, ser ameaçada com faca não é uma experiência muito comum por mim especificamente, sei que todo mundo no Brasil, de uma forma ou outra sofreu este específico tipo de violência, mas eu só sofrera outros, lavarem o vidro no sinal, assalto no sinal, extorsão no estacionar o carro, gritos de vendedores no transporte público. Minha vontade de viver a minha aposentadoria na Suíça reapareceu. Sei que é uma coisa egoísta ir embora ao invés de fazer alguma coisa mas eu sou pequenina e só consigo orar... Já é muita coisa e posso orar lá da Suíça, em segurança, em frente a uma lareira quentinha... Este é a segunda história de violência que conto aqui neste blog, a primeira ocorreu com a minha mãe, dentro de casa...