Comprovando a exteriorização da alma durante o sono

Eu, como uma psicopedagoga, andei lendo em diversos estudiosos da aprendizagem, como Piaget, Vigotsky e Melanie Klein, entre outros que a memória consciente é um subproduto da atenção e na mesma medida que a memória inconsciente ("esquecimento"), é um subproduto da dor. Lembramos quando prestamos atenção e exercitamos, esquecemos quando queremos nos proteger da dor. Nas sessões de psicanálise, os profissionais utilizam técnicas para despertar algum material inconsciente que esteja interferindo na vida atual. Se não tem como não estar prestando atenção nos sonhos, já que estamos indefesos e sem controle, porque não nos lembramos ao acordar? Porque os dados importantes como números, datas, endereços, nomes, sobrenomes, esvaem-se da minha memória assim que eu acordo, como se fosse uma neblina? Às vezes, quando em viagem astral, eu anoto coisas mentalmente, sobrenomes, endereços. Tenho um caderno com lápis na minha cabeceira. Enquanto estou escrevendo a experiência, as coisas vão se esvaindo, esvaindo, rapidamente. A explicação óbvia, segundo a teoria da concentração e atenção é a de que as experiências não se passam no cérebro físico. Isso é óbvio. O que se processa no cérebro físico quando estamos prestando atenção fica guardado nele, na memória. Quando fazemos anotações mentais, principalmente... Ontem conversamos, a psicóloga e eu, sobre minhas saídas do corpo. Ela consertou que não acreditava, dizendo que não entra em questões espirituais no trabalho terapêutico. Afirmou que não é questão de acreditar ou não, é questão que há muito conteúdo inconsciente interessante nos sonhos, para serem trabalhados. Agora vou levar o caderninho, para ver o que achamos ali. Desvendaremos os símbolos inconscientes das minhas viagens astrais, não existe sonho. Sonho é lembrança desorganizada da vivência no astral. Se o sonho se processasse realmente no cérebro, nos lembraríamos. Porém, escrevendo isso agora, ocorreu-me a outra parte do processo.! Há uma possibilidade cerebral para o esquecimento, sim!... Se o conteúdo trouxer dor! Nosso inconsciente imediatamente irá apagar da lembrança e jogar no inconsciente e será "esquecido". E a minha comprovação científica, bem fundamentada, da atenção e memória se vai por água abaixo, na teoria de Freud... Havia me esquecido de Freud, este importante psiquiatra que descobriu o inconsciente. Ele diz que as vivências que nos causam dor vão para o inconsciente... Eu só queria, sr. Freud, por favor, saber, porque a morte da minha irmãzinha, que ocorreu há dez anos e meio atrás, não esqueci? Aliás, do ano de 1999 eu me lembro de pouca coisa, mas posso até saber o sabor da pizza que comprei para minha outra irmã, V., eu cheguei com aquela pizza de calabresa na mão, e vi o carro do meu tio V. mal estacionado na rua, vi outro carro de amigos chegando do outro lado da rua, até demos uma volta de carro no quarteirão, pensando que fosse assalto, mas ao entrar em casa com aquela pizza de calabresa na mão: "V. meu amor, porque você está chorando, não chore, eu te amo, trouxe até a pizza que você mais gosta!" Ela me abraçou e chorando já foi dando a notícia a A. que estava comigo, eu subi alguns lances de escada, quando vi o meu tio V., gritei do alto da escadinha, "Tio, seu carro 'tá todo aberto, mal estacionado!" - falei isso rindo, pois meu tio e eu gostávamos de tirar uns rachas de vez em quando, e ele me olhou com aquela cara de piedade que as pessoas olham antes de dar a notícia, como, pensando, "Coitada! Está tão feliz, vai ficar tão triste agora!" "Filha, nada mais importa agora, carro, nada, a nossa N. morreu!" Comecei a gritar:"Não! Isso não pode ser verdade!" (Sim, era muito verdade, ela morreu em um acidente na estrada de Salvador a Lençóis). Eu posso dizer em que cadeira me sentaram para me acalmar, as mãos da mãe da E. na minha cabeça, me deu um passe, que senti como se fosse hoje, uma energia entrando em mim pela cabeça, me reconfortando, automaticamente. Comecei a querer me lembrar de quando a vi pela última vez e chorei muito, o meu tio avisando as pessoas, todo mundo chegando, chegando. Minha mãe, filha e irmã, mais amiga da irmã estavam em Visconde de Mauá, quando ligaram para dar um oi, inventamos uma estória de que a casa tinha sido arrrombada para que voltassem imediatamente. O ciclo ia se repetindo a cada um que ia sabendo a notícia. A minha tia M. chegou e se lançou à cama dela, vazia, como se quisesse com isso abraçá-la, ressuscitá-la, cada um tinha uma reação diferente. Tudo ia se repetindo. A pessoa toda feliz, com compras, com afazeres, contos, e de repente o mundo da pessoa desabava. À minha mãe foi oferecido um calmante, mas ela recusou, ela queria sentir a dor inteira, como se isso dignificasse o amor que ela tinha. O meu pai sentou-se ali mesmo na rua, e nem entrou em casa, pois a vida dele perdeu todo o sentido. Minha irmã S. foi a última a saber pois ela estava viajando e poupamos as pessoas enquanto estivessem em trânsito. Os vizinhos cochichavam, os moleques fizeram chacota, cantando: "Vou choraaaar, desculpe, mas eu vou choraaaaar!" Devíamos ter chorado muito alto mesmo! Depois, o enterro, traslado do corpo, os detalhes, amigos procurando por ela e não acreditando quando a gente dava a notícia, nós depois tentando explicar uns pros outros o porquê, o como, um pergunta sem resposta, não havia testemunhas, os cinco passageiros fizeram a passagem. As missas, quem foi à missa, quem não foi. O dia se tornando em preto e branco de repente, as pessoas na rua andando em câmara lenta, tudo, tudo, perdeu o sentido. Eu nunca mais fui feliz. Sr. Freud, o senhor poderia me explicar, porque essa dor inteirinha eu revivo dia a dia, com todos os detalhes, sensações, vozes, cores, como se fosse hoje? Depois de dez anos essa dor poderia ter ido para o Inconsciente? essa dor já não deveria estar no Inconsciente há muitos anos atrás? O que poderia ser assim tão pior no meu inconsciente que não dure cinco minutos após eu acordar pela manhã? O que pode ser assim tão pior? Definitivamente, senhor Freud, não existem sonhos. Sempre são viagens astrais. Não nos lembramos pela mais simples e óbvia explicação de que essas vivências não se passam no cérebro físico. Simples e claro como água cristalina. Para mim, que saio do corpo de vez em quando, a explicação de sonhos lúcidos, inconsciente, e tal, parece muito mais fantástica do que a realidade espiritual, ali, acessível, simples, paupável, factível, plausível.

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